domingo, 15 de junho de 2008

Poço de Saber

Exitem autoridades em todos os campos. Autoridas políticas, intelectuais, científicas...
Costumamos fortificar o nosso argumento, com base no que outros falaram ou escreveram.
Amigos do Poço, lembram do já saudoso "Mané Paiaço", quantas verrugas já caíram em função da sua reza? O que levava as pessoas a procurá-lo para para rezar as verrugas para que elas caíssem?
Quanta sabedoria Cacilina (Tia Cassu) e Gracilina (Dona Graça) nos passaram, fazendo a maioria dos partos até a década de oitenta. Elas, movidas pelo espiríto solidário, sempre usaram os seus conhecimentos em prol daquela comunidade que, por tão longínqua, não atraía profissionais de saúde. Maria de Seu João (das Moças), a qualquer hora topa rezar machucados e todos acreditam que melhora.
Por quantos anos, Arlinda de Medes rezou contra quebrante. O leitor sabe rezar contra quebrante?
O senso comum nos faz perceber quem nem sempre é preciso ir atrás de ciência para explicar e resolver os fatos.
O que leva Genebra a didicar o seu tempo à organização de quadrilhas de São João! Ele não tem nenhum curso nesta área. Mas organiza e faz a festa! É importante lembrar a sua contribuição para o esporte, visto que treinou o time de futebol do Poço por vários anos.
E Donaldo! Embora não tenha frequentado a escola, deu uma bela contribuição para a literatura local, com vários "romances", tais como "Sinobelino Valente", "Brigas de Zeca Preto", "Marileide" e outros.
O saudoso Uelton Santos também deixou a sua contribuição para a música. Em suas letras ele já apelava para a preservação do meio ambiente. Pouco se falava em aquecimento global! Se tivessem escutado aquela voz teríamos mais tempo para reverter o quadro. Mas um nordestino, nascido no Poço, na roça não tinha autoridade para se meter a questionar os interesses capitalistas.
Por muitas vezes a ciência nos abandonou e por outras, ela foi usada contra o ser humano. Deste modo, nem sempre ela é boa. Construir bombas, mísseis transatlânticos, armas químicas são atividades oriundas da ciência! Mas ela também também tem sua parte boa, no meu modo de ver, como a descobertas de vacinas, desenvolvimento de técnicas cirúrgicas, entre outros.
Este blá blá blá é para dizer que nós não podemos esquecer os nossos valores. Nossos conterrâneos, mesmo não conhecendo New York, Paris, São Paulo, Viena, Atenas, têm conhecimentos locais que jamais os sabichões megalopolitanos saberão.
Isto é fato, no que tange às parteiras, na Bahia, estudantes de medicina trocaram informações com elas para aprenderem e aperfeiçoarem as técnicas de parto.
Quantas plantas são usadas como cicatrizantes pelo nosso povo? saber supostamente herdado do conhecimento indígena.
Quantas vezes Lau (pedreiro) deu aulas e corrigiu erros de engenheiros, no campo da construção civil?
A gente pode ter medo de pegar elevador, de andar de avião, de rolar em escadas de shopping, mas a gente sabe muita coisa...
Se eles sabem na cidade, a gente sabe na roça. E assim a gente vive..."cada macaco no seu galho".

3 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde!

Parabéns Fabio, pela iniciativa e pelas palavras bonitas que foram bem colocadas,pois me fizeram recordar de coisas que as vezes fica no esquecimento por conta da correria da cidade grande.

Parabéns...
Gabriella Poço de Uibaí -BA

Anônimo disse...

Grande Fábio, ilustre companheiro e conterrâneo que coisa bonita é essa camarada? esse blog ficou bacana, simplesmente fantástico.A respeito do texto, belissíma a tua colocação a respeito da valorização da nossa cultura, das nossas raízes, dos valores arraigados em cada um de nós e que jamais serão esquecidos, pelo menos por aqueles que tiverem juízo e conciência da sua importância para formação cultural de um povo.Bem lembrado os personagens citados, e quão grande a contribuição de cada um para a cultura local! sem cometários.


Márcio Nunes Poço de Uibaí-Ba
16 de julho de 2008 19:49

Anônimo disse...

Valeu, caro amigo Fábio, iniciativas assim valem nota 1000. Visitarei sempre este espaço!
Pita Paiva, escritor Uibaiense.