Todos os anos, se não me engano, até o ano de 1993, algumas pessoas da comunidade de Poço de Uibaí se reuniam no dia 31 de dezembro para "enterrar o velho".
Era um momento brilhante. Acreditava-se que, como os seres humanos, o ano deveria ser enterrado, inclusive com direito a cova. Era a oportunidade de se esquecer as mazelas do ano passado e esperar os novos tempos, com novos ventos para melhorar a vida da nossa gente sofrida.
Com a nossa sina contada por de Patativa do Assaré e cantada por Luiz Gonzaga, na música A Triste Partida, o final do ano era o período em que se esperava as chuvas de janeiro para se saber o resultado da safra.
As nossas legionárias e demais fiéis, quando a chuva demorava chegar, cuidavam logo de roubar um santo ( a imagem de um santo). Isso mesmo, dizem que se, na verdade, furtassem uma imagem de santo a chuva caía, aí devolver-se-ia o objeto sacro.
Quando a coisa apertava e o sol começava a rachar o solo brejo, nas sombras das algarobas se questionava quem tinha enterrado um jumento com a cabeça para cima naquele lugar? Quem enterrou um sapo? Outros replicavam: é a ruindade do povo, por isso Deus não manda chuva.
Então nossas rezadeiras tratavam de fazer penitência e promessas. Debaixo de sol forte a procissão saía da igreja matriz com direção ao cemitério para molhar o cruzeiro a fim de a chuva cair. No caminho se cantava : "chuva na terra, pedimos ao senhor, de joelho, diante da cruz, vem ... o mundo então será de alegria, de paz e amor. Chuva por esmola é o pão que nos consola é o santo alimento, santa maria, rogai por nós".
Neste contexto, o final do ano, muitas vezes era motivo para se comemorar e muitas vezes para pedir logo o ano novo.
O "enterro do velho" era uma brincadeira antiga realizada pela comunidade, onde as pessoas se fantasiavam de modo a não serem reconhecidas, tinha gente de todas as famílias. Como o número de participantes aumentou, surgiram problemas que feriram a honra de algumas pessoas. Os problemas era para serem resolvidos. Então, com o nosso egoísmo, sepultamos a nossa brincadeira. Esta brincadeira fazia parte do nosso arquivo cultural, juntamente com muitas outras brincadeiras da época de criança que foram metralhadas pela televisão e pelas mudanças drásticas nos nossos hábitos. Hoje não se faz mais isso. Sinto saudades.
Era um momento brilhante. Acreditava-se que, como os seres humanos, o ano deveria ser enterrado, inclusive com direito a cova. Era a oportunidade de se esquecer as mazelas do ano passado e esperar os novos tempos, com novos ventos para melhorar a vida da nossa gente sofrida.
Com a nossa sina contada por de Patativa do Assaré e cantada por Luiz Gonzaga, na música A Triste Partida, o final do ano era o período em que se esperava as chuvas de janeiro para se saber o resultado da safra.
As nossas legionárias e demais fiéis, quando a chuva demorava chegar, cuidavam logo de roubar um santo ( a imagem de um santo). Isso mesmo, dizem que se, na verdade, furtassem uma imagem de santo a chuva caía, aí devolver-se-ia o objeto sacro.
Quando a coisa apertava e o sol começava a rachar o solo brejo, nas sombras das algarobas se questionava quem tinha enterrado um jumento com a cabeça para cima naquele lugar? Quem enterrou um sapo? Outros replicavam: é a ruindade do povo, por isso Deus não manda chuva.
Então nossas rezadeiras tratavam de fazer penitência e promessas. Debaixo de sol forte a procissão saía da igreja matriz com direção ao cemitério para molhar o cruzeiro a fim de a chuva cair. No caminho se cantava : "chuva na terra, pedimos ao senhor, de joelho, diante da cruz, vem ... o mundo então será de alegria, de paz e amor. Chuva por esmola é o pão que nos consola é o santo alimento, santa maria, rogai por nós".
Neste contexto, o final do ano, muitas vezes era motivo para se comemorar e muitas vezes para pedir logo o ano novo.
O "enterro do velho" era uma brincadeira antiga realizada pela comunidade, onde as pessoas se fantasiavam de modo a não serem reconhecidas, tinha gente de todas as famílias. Como o número de participantes aumentou, surgiram problemas que feriram a honra de algumas pessoas. Os problemas era para serem resolvidos. Então, com o nosso egoísmo, sepultamos a nossa brincadeira. Esta brincadeira fazia parte do nosso arquivo cultural, juntamente com muitas outras brincadeiras da época de criança que foram metralhadas pela televisão e pelas mudanças drásticas nos nossos hábitos. Hoje não se faz mais isso. Sinto saudades.
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