Um certo dia, chegou a notícia na praça. Um homem havia se afogado na salina. Então se espalhou a preocupação e o medo. Parecia que salina, com suas águas tão calmas, tivesse se tornado o pior dos assassinos. Ele havia entrado na água, deixado os chilenos próximo à entrada da lagoa, e não tinha retornado.
Muitos dos presentes insinuavam: ele deve ter ido à cidade de Xique-Xique, pois ele tem parentes lá. A tensão aumentava e não se tinha notícias do desaparecido. Enquanto os devotos rezavam à beira da salina, um grupo de crianças brincava pulando na tabua, sem saber exatamente o que aquilo significava. Dezenas de pessoas faziam virgília à beira d'água. Ensinaram por uma vela acesa em uma cuia de cabaça, de modo que ela localizasse o corpo. Foi feito. Quanta fé nós tínhamos. O vento só levava em uma direção. Rezamos para as estrelas, Santo Expedito, outros santos. Nada de o corpo aparecer. Veio um mergulhador, movido a álcool, para ajudar nas buscas. O sujeito bebia tanto que a gente ficou com medo de ter mais um morto a ser localizado. Esse sujeito colaborou bastante. Usava sungas de capuz, meio desajeitado, mas tinha muito fôlego. Mergulhava aqui, aparecendo lá, dezenas de metros adiante. Olha o "margulhador" onde saiu. Também não logrou êxito. Fez-se os chamados anzóis de vergalhão, para fazer uma varredura na lagoa. Nada de encontrar. Três dias depois, a natureza se encarregou de devolver o corpo à superfície da água, a fim de ser enterrado, por coincidência, no local onde a cuia apontava. Fato verídico ocorrido há mais de 20 anos.
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