quarta-feira, 12 de maio de 2010

Os bons ventos de maio

Maio é um mês que alguns diz: mês das noivas. No sertão, além desse, diz-se também: "mês das cobras". É tanta cobra que aparece nesta época do ano: jararaca, cascavel, coral, corre-campo, saramanta, jaracuçu, etc.
Convivemos com animais peçonhentos e achamos que eles são a pior coisa do mundo. Mas será que uma jararaca, lá no seu mato, comendo seu rato é tão prejudicial à comunidade?

-Acredito que não. Maio também é o fiel da balança nos festejos juninos. Todo o planejamento deve ser posto em prática nesse mês, sob pena de a festa não vingar.

A sociedade é vítima de um veneno mais peçonhento que o das cobras citadas anteriormente: a falta de iniciativa. Esperamos tudo do poder público. Achamos que frases como "a união faz força", "cada caminhada começa no primeiro passo", etc, nasceram apenas para fazer parte de poesia.

Não é verdade. O sentimento de grupo, de união está presente nas atividades mais simples. Existe orquestra com um músico apenas? A quadrilha de São João se faz com apenas um par? Então a união, o conjunto, sintonizado, é que traz os resultados a serem enchergados.

Sempre defendi o empenho gratuito e assim prosseguirei. Entretanto, continuo pensando que as palavras que aqui escrevo servem mais como um desabafo, do que um projeto de diálogo entre os conterrâneos.

Nos falta a iniciativa. Acostumamos com a rotina urbana de entrar e fechar as portas, de considerar o mundo como apenas aquele espaço que ocupamos, seja profissional, seja físico. No interior, ainda é possível se sentar à porta, no batente ou na calçada, como queira; ainda existem árvores com belas sombras onde, fugindo do sol, se pode dar uma prosa; ainda existem botecos onde o seu fio de bigode vale mais que um cartão de crédito, e se não tiver bigode, vale a sua palavra.

Então, como ainda existe um lugar com as características acima, porque não usufruir de dele!

E, como o mês de maio é forte, marcado pelos seus ventos que levantam a poeira, nada melhor que se programar para dar um pulo no sertão, dar um passeio pela serra, apreciar as nossas praças e dar um dedo de prosa com aquela gente boa.

A simplicidade do interior contrasta com o complexo das metrópoles. Não é à toa que há quem defenda que basta o sertão ter uma boa educação e uma boa saúde, porque se o desenvolvimento predatório chegar por lá, levará consigo todos os problemas da cidade grande.

Neste mês, espero que alguém pergunte: como vai ser o São João? Terá as brincadeiras típicas? Além de perguntar ,é bom sugerir, posto que, em muitas ocasiões somos ouvidos, o que ajuda a aperfeiçoar as nossas festas.

Um abraço.

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