quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ao assovio


O povo da cidade às vezes desconhece o que o campo cria. Todos gostam de usar cosméticos, andar de avião, etc, mas não sabem que, grande parte dos produtos consumidos por aqui comercializados, vêm do campo ou são fabricados com a matéria prima vinda da roça.

Além de vir da zona rural, produtos como a momona (mamona), passam por um tratamento especial. Não quero tratar aqui das grandes propriedades, mas daquelas onde se faz um batedor no meio da roça.

Uma vez plantada a mamona, caso produza, vem a coolheita. Aí a mão já enche de calos, pois, estamos acostumados com o cabo da enxada que é mais grosso. Os cachos da mamona são finos, provocando além do acúmulo de cera nos dedos, pequenos calos que incomodam demais.

Alguns usam um saco como capanga, outros usam balaios mesmo, para armazenar o produto da quebra. Já experimentei os dois mecanismos. Feito o batedor, quando secar o produto, não aparecendo um experto para catar tudo, passa-se a apurar, ou “soprar” a mamona.

A parte mais interessante que eu queria colocar, não é a técnica de plantio, nem de colheita, propriamente dita. O momento que chama atenção e onde se vê clara a cultura camponesa é no instante que, portando uma peneira, o sertanejo enche as bochechas e assovia bem alto. O que você acha que ele estaria fazendo? Não imagina? – Chamando o vento! Isto mesmo, o vento é um recurso natural que ajuda no momento de se separar o caroço do capote. Se não bastasse, o sertanejo também grita “chega vento, que tua mãe queimou o peito, vem assoprar”. Durante muito tempo, muitas pessoas além da mamona, também apuravam o feijão e o milho, usando este mesmo método, apesar de pesado, muito divertido.

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