sábado, 13 de agosto de 2011

Tradição que se perde a cada dia

A vida difícil que os habitantes do semiárido levava, em outras ocasiões, os obrigava a encontrar saídas para o próprio sustento. Essa saída podia ser ir para São Paulo, Brasília, Minas Gerais, Mato Grosso, etc, ou encontrar um meio para se manter, sem migrar.

Os que não peitavam a dura idéia de abandonar seu torrão natal procuravam meios de subsistência. Esses meios íam desde prestar "dias de serviço", lavar roupas, passar, ou por em prática artes que sabiam desenvolver.

O gasta sabão e a bananeira, ambos na serra do Poço, eram fonte de renda de algumas famílias. As mulheres  lavavam trochas de roupas, normalmente ao preço de "um dia de serviço", para garantir seu sustento. No gasta havia uma fonte, denominada "Poção", onde, de longe se ouvia os gritos da Gia (Rã). As roupas eram lavadas sobre as pedras, coaradas e estendidas para secar, sobre as plantas.

Havia uma família, descendentes de Dió Pecado, que sabiam fabricar esteiras de tabúa, amarradas com caroá. As esteiras eram macias, muito utilizadas por quem não podia comprar um colchão, para sentar-se nas calçadas, deitar debaixo de árvores, como também para proteger o colchão na cama. A situação difícil faziam com que eles percorressem quilômetros atrás do caroá, uma espécie de cacto de onde se tirava a corda que amarrava as esteiras.

Na localidade de Barraca de Barro (próximo ao Bilu - Boca D'água) existia uma família especializada na construção de vassouras e cestos de Caranaúba. Nunca ninguém procurou dar valor a essa arte, o mesmo acontece com as bordadeiras e costureiras que ainda existem mais sequer foi elaborado um catálogo onde se possa encontrá-las.

Se não me engano, existe uma Secretaria Municipal destinada a conseguir renda para as comunidades. Por quê não catalogar esses serviços e distribuir na comunidade e circunvizinhança. Às vezes é preciso criatividade para aprender a conviver com as dificuldades.

Essas esteiras eram feitas sob encomendas ou vendidas nas feiras da região. Essa arte, ao longo do tempo vem perdendo a importância. Os programas do governo federal, elaborados sem o conhecimento de cada realidade, nivelando por alto ou por baixo,  acaba desmotivando a realização de algumas atividades.

Não se deseja que as pessoas continuem tendo dificuldade para poder produzir arte. Isso seria torturante. O que se quer é que, quando a gente conseguir o "pão de cada dia", não se abandone os valores transmitidos de geração em geração. Logo, ao elaborar qualquer programa, é necessário prever e constatar eventuais efeitos negativos que esses possam causar, procurando-se formas de diminuir seus impactos.

Um comentário:

gustavo rocha disse...

boa grande fabio!!com certeza esse pessoal com tal potencial artístco e cultural,merecem sim um apoio e reconhecimento dos nossos gestores.tá na hora de valorizar o que é nosso,de nossa terra.
cabe também lembrar da galera do sobreira com seus cestos e balaios de cipó,também muito bemm feitos e com certeza parte de nossa cultura.
grande abraço.
INTÉ!!